Número 180 - Ano 4

São Paulo, quarta-feira, 13 de setembro de 2006 

«Minha alma é como um pastor/ Conhece o vento e o sol/ E anda pela mão das estações/ A seguir e a olhar.» (A. Caeiro)
 


Joaquim Branco


Caros amigos,

Nascido em Cataguases (MG), em 1940, o poeta Joaquim Branco herdou de seus conterrâneos da revista modernista Verde, do final dos anos 20, o gosto pela experimentação e pela literatura de vanguarda. É autor de livros de poesia, ensaios e ficção. Estudioso do grupo modernista cataguasense, ele publicou este ano o livro Verdes Vozes Modernistas.

Envolvido desde cedo com literatura, Joaquim Branco participou da organização da Exposição de Poesia Concreta de Cataguases, em 1968. No ano seguinte, publicou seu livro de estréia, Concreções da Fala, obviamente ligado à estética concretista.

Em 1969, ele já estava ligado ao Poema Processo, uma radicalização da poesia concreta que dá mais peso a elementos gráficos não verbais.

Primeiro, um poema — digamos — tradicional, "Tiger". Uma criação baseada no poema "O Outro Tigre", de Jorge Luis Borges, que por sua vez já comentava o tigre do poeta romântico inglês William Blake (poesia.net n. 71). Em seguida vêm dois poemas visuais, "Deus Ex Machina" e "Womanity". Nos dois casos, tive de fazer pequenas intervenções nas peças, reduzindo-as para que coubessem no exíguo espaço de texto à direita.


Um abraço, e até a próxima.

Carlos Machado

 

Blog do autor:
http://joaquimbranco.blogspot.com/

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A VIDA QUE NINGUÉM VÊ

A escritora gaúcha Eliane Brum é hoje uma ave rara no jornalismo brasileiro. Com uma sensibilidade muito aguçada, ela escreve reportagens que sempre trazem na essência o palpitar de vidas humanas. Premiadíssima, Eliane é autora do livro Coluna Prestes – O Avesso da Lenda e do documentário Uma História Severina. Este último, feito em parceria com a cineasta Débora Diniz, mostra a saga de uma pernambucana grávida de filho anencéfalo e impedida por lei de abortá-lo.

Eliane, que atualmente é repórter especial da revista Época, reuniu no livro A Vida Que Ninguém Vê mais de uma dezena de reportagens que escreveu para o jornal Zero Hora, de Porto Alegre. Esse livro, cheio de textos antológicos, está sendo lançado na
próxima semana em São Paulo:

Quando:
Segunda-feira, 18/09/2006
a partir das 18h30

Onde:
Livraria da Vila
Rua Fradique Coutinho, 915
Vila Madalena - São Paulo
Tel. (11) 3814-5811



 

O tigre revisitado

Joaquim Branco

 


 

TIGER

          Corre a tarde em minh'alma e conjecturo
          que o tigre vocativo do meu verso
          é um tigre de símbolos e sombras (...)
                    Jorge Luis Borges, "O outro tigre" (in O fazedor)




Theda Bara me olha
com olhos de quem
mata, e diz:

Desata-me.

Decifrado, o olhar
que espreitara antes
agora fuzila firme
e em cheio
contra o vidro
de um pesadelo.

(Só Borges enfrentara
o tigre antes.)

Felina, garras e boca
em perfeita dentição
são arremessos para lá
de ameaçadores
mesmo sob uma irretocada
e espessa vigília.


 

DEUS EX MACHINA


 

WOMANITY



 

poesia.net
www.algumapoesia.com.br
Carlos Machado, 2006

Joaquim Branco
•  Poemas fornecidos pelo autor:   
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* Alberto Caeiro, em O Guardador de Rebanhos