Amigas e amigos,
Líria Porto, poeta a quem é dedicada a presente edição do boletim, já esteve aqui nesta página há cerca de dois anos e meio, no poesia.net n. 350. A escritora mineira (Araguari, 1945), retorna agora devido ao recente lançamento de seu novo livro, Olho Nu (Patuá, 2018).
Tudo aquilo que afirmei sobre a poesia de Líria Porto naquele primeiro boletim
permanece válido sobre seu novo trabalho. A poeta continua de olhos bem abertos para as peripécias da vida humana, com especial atenção para os desassossegos do dia a dia. Para este boletim selecionei oito poemas de sua coletânea
recém-lançada.
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Dificilmente um poema da autora ultrapassa a extensão de uma página. Em geral, são textos curtos que, como uma pequena agulha, estouram o balão de
opressões, mentiras, disfarces e ocultações. O tom dominante é de crítica,
sempre com uma pitada de humor melancólico.
Veja-se, por exemplo, o poema “Desperdício”. Nele aparece uma prima chamada Dirce que, pudica e beata, “vê a vida / pela fresta”. Ou seja, não se arrisca
com o que acontece lá fora. O tom de “Sentinela” é mais sério, embora não se furte a certa ironia. O pai não comparece à festa dos 74 anos da mãe. Morre exatamente na data do aniversário.
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O poema “Verídico” é quase uma piada. Baseia-se naquela situação em que alguém (normalmente um homem) sai de casa para executar uma tarefa trivial (no caso, “comprar açúcar”), desaparece, e retorna depois de muitos anos como se nada de estranho tivesse acontecido.
“Quando o amor se esfuma” brinca com o fim de um relacionamento amoroso. “Amélia” — uma referência à submissa “mulher de verdade” da canção popular — parece ser a amante que aceita tudo e nada pede em troca.
Objeto de uso e abuso.
A mulher que fala em “Intocável” constrói armas e escudos, com os quais se transforma numa anti-Amélia. Pena que não seja uma figura para tratar os outros (os homens?) de igual para igual, mas uma criatura encouraçada e, pelo jeito, insensível. Não sofre
(será?), mas também não ama.
Vem, por fim, o poema “Descobrimento”. Aqui, sempre sem deixar de lado o humor, Líria Porto reflete sobre a infância, a juventude e a velhice.
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CONVITE
Amigas e amigos: meu novo livro de poesia, A Mulher de Ló, foi lançado no último dia 30/8 em São Paulo. Vamos apresentá-lo
também na 11ª Feira do Livro de Feira de Santana-BA, evento promovido pela UEFS. Será no próximo dia 26/9, na Praça Padre Ovídio -
Centro, em Feira de Santana. Mais na seção Lançamentos, logo abaixo.
Um abraço, e até a próxima,
Carlos Machado
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LANÇAMENTOS
A Mulher de Ló
• Carlos Machado
Carlos Machado, editor deste boletim, lança o livro A Mulher de Ló, uma série de poemas que refletem sobre a
condição feminina, partindo do episódio bíblico de Sodoma e Gomorra. O livro é produzido pela Editora Patuá/Selo
Donizete Galvão.
Quando:
Quarta-feira, 26/09/2018, às 18h
Onde:
11ª
Feira do Livro
Praça Padre Ovídio - Centro
Feira de Santana, BA
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CRÔNICA SOBRE POESIA
Leia “O poeta que roubava livros e outras histórias imperfeitas”.