Amigas e amigos,
A autora em destaque nesta edição já esteve aqui, cerca de dois anos atrás, no boletim n. 447.
Trata-se da poeta portuguesa Graça Pires (Figueira da Foz, 1946), que já publicou mais de duas dezenas de títulos, dos quais os mais recentes são
Antígona passou por aqui (2022), Jogo sensual no chão do peito (2021) e A solidão é como o vento (2020).
Autora que produz com admirável fertilidade, Graça Pires é licenciada em História pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa.
Estreou em 1990 com o livro Poemas e já conquistou um bom número de prêmios literários.
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Se for necessário arriscar uma classificação, pode-se afirmar que a poesia de Graça Pires é essencialmente lírica. Com a expressividade
de quem vive na intimidade das palavras, a poeta costuma se lançar em projetos ambiciosos. É o caso do volume Fui quase todas as
mulheres de Modigliani (2017), apresentado aqui no boletim 447.
Como o título sugere, o livro reúne uma coleção de poemas, cada um criado a partir de um retrato de mulher produzido pelo pintor italiano.
Outro exemplo de projeto é Jogo sensual no chão do peito, volume de poemas inspirado na célebre dançarina americana Isadora Duncan
(1877-1927). Nos textos, a bailarina fala em primeira pessoa.
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Para esta edição, selecionei seis poemas de cinco coletâneas de Graça Pires, mais um poema inédito em livro, recém-escrito, dedicado
ao Brasil e publicado no blog da autora. Vamos aos poemas.
A seleção começa com “Amor”, caracterizado como “uma espera de mágoa e mel”, ao lado de uma bela coleção de metáforas marítimas.
Vem a seguir “De muito longe”, outra demonstração de exuberância lírica: “mulheres / vindas de muito longe com punhais de luz /
por dentro do olhar”.
Em “Um homem morreu sem ver o mar”, a veia lírica tende para o surrealismo, com imagens como “os barcos sobrevoam as casas”.
Já no poema “Procurou alguém que gostasse de animais”, encontra-se a história de uma pessoa idosa que se recolhe a um asilo e
teve de doar o cão, que não lhe permitiam levar consigo.
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O texto “E dancei descalça por todos os lugares” corresponde à voz da bailarina Isadora Duncan recriada por Graça Pires. Mulher
de espírito livre e anticonvencional, a artista americana de fato costumava bailar descalça.
Sobre o poema “As mãos das mulheres”, é interessante dizer que ele aparece aqui no formato publicado pela própria autora em seu blog.
No livro Antígona passou por aqui, ele apresenta duas diferenças. Primeiro, é apresentado em forma de prosa. Depois, corresponde
a apenas uma parte do poema que está à página 35.
Deixei para o final o poema “Impiedosamente”, de fatura muito recente (fevereiro, 2022) e dedicado aos “amigos do Brasil”. Inspirado
na tragédia das inundações e desabamentos em Petrópolis-RJ, o poema expressa espanto e solidariedade. Decidi incluí-lo neste boletim
ao constatar que similares ocorrências trágicas ocorreram novamente, um mês depois, em Petrópolis.
Um abraço, e até a próxima,
Carlos Machado
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