Amigas e amigos,
O autor Cyro de Mattos (Itabuna-BA, 1939) é desses que produzem como quem
absolutamente não faz outra coisa, senão escrever. É poeta,
cronista, ensaísta e ficcionista para adultos e crianças. Ao lado de dezenas de títulos em português, coleciona publicações de seus livros
em traduções para outros idiomas, como francês, italiano, inglês e espanhol.
Especificamente no campo da poesia, Cyro de Mattos publicou em
dezembro de 2020 uma reunião de seus trabalhos, chamada Canto Até Hoje.
Depois disso, em pouco mais de um ano, o indormido autor já enfileirou oito
novos títulos: um de ensaio, um de crônicas, uma edição de
poemas bilíngues (português-espanhol) e cinco de literatura infantil.
A presente edição do boletim baseia-se nos poemas reunidos em Canto Até Hoje. O volume (sintam o peso: 800 páginas!), incorpora 12 livros
anteriormente publicados, mais cinco títulos inéditos, além de extenso rol de poemas traduzidos para outros idiomas.
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Na microantologia ao lado selecionei cinco textos no vasto material poético de Cyro de Mattos. Extraí um poema de
Cancioneiro do Cacau (2002) e todos os outros de Nesses Rumores e Mares, título incluído entre os
inéditos que fazem parte de Canto Até Hoje.
Vamos à leitura dos poemas.
O primeiro é “País de Sosígenes Costa”, uma homenagem ao histórico bardo da região cacaueira baiana. Sosígenes Costa
(1901-1968), poeta de verso raro, riquíssimo em cores e sonoridades, é o autor dos famosos “sonetos pavônicos”, aos quais
o poesia.net já dedicou uma edição, a n. 317 (setembro, 2014).
No poema-homenagem, Cyro de Mattos, com explícita reverência, dirige-se ao colega de Belmonte (município litorâneo no sul da Bahia).
Conta que visitou aquela cidade e a casa do velho aedo. Sentiu lá a presença dele. E conclui o texto com uma referência aos sonetos
pavônicos: “Mais lindo foi ver em teu joelho/ pousado aquele pavão vermelho/ entre suspiros e lampejos/ reacendendo versos de amor”.
O primeiro dos quatro escritos inéditos incluídos em Canto Até Hoje é “Lugar”,
uma declaração de amor à poesia. Aí o sujeito lírico declara: “o poema é meu lugar /
onde tudo arrisco”. No texto seguinte, “Passarinhos”, o poeta viaja em andamento
de canção: “Eram passarinhos / no frescor dos sonhos, / na lã da aurora”.
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No soneto “Caminho das Gaivotas”, o ambiente é marítimo e nele o poeta ensaia um mariscar de saudades. Após recordar a despedida de um
“velho barco”, vem o apelo às aves do título: “Ó gaivotas do veleiro, // nesse porto agora mudas, / só vós sabeis dos caminhos
/ do menino e da água-viva”.
Agora, o último poema, “O Embarque”. Conforme o título já trai, mais uma vez estamos à beira-mar. Neste soneto a meninice volta
a dar as cartas ao homem feito pela vida afora. “Convém que na chegada estejas leve, / no coração sempre asas da infância”.
Há também a expectativa do navegante de que sempre haverá, mesmo no céu escuro, uma estrela para guiá-lo para as rotas mais seguras.
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Cyro de Mattos é membro da Academia de Letras da Bahia e também já foi destacado aqui na
edição n. 155, em março de 2006.
Um abraço, e até a próxima,
Carlos Machado
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