Amigas e amigos,
O poeta Henrique Augusto Chaudon (Niterói, 1955) esteve aqui, pela primeira vez em março de 2012, na edição
n. 276. Agora, ele retorna ao poesia.net,
trazido pelo lançamento do livro Sobre Vida (edição do autor, 2024).
Poeta de um lirismo suave e contemplativo, o autor compila neste Sobre Vida poemas escritos em três períodos: 1976-1982, 1983-2005
e 2006-2023. São textos, portanto, de toda a sua experiência de produção poética.
Henrique Augusto Chaudon estreou em 1977 com o livro Confissões a Baco e Outros Poemas. Publicou, depois, Vento (1982);
A Terceira Gaveta e Poemas Anteriores (1994); e Poemas (2005).
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Para esta edição selecionei seis poemas de Sobre Vida. O primeiro, “Despertar”, oferece uma boa ideia da poesia de Chaudon.
Discreta, contemplativa, próxima à natureza. “Quando os olhos se abriram na manhã /
ele viu réstias de luz / sentiu o vento leve panejando as cortinas. /
Não sabia onde estava”.
Segue-se o poema “Procissões”. Mais uma vez, o clima é de observação dos movimentos naturais. O silêncio, os grilos, as estrelas.
“No alto /
estrelas antiquíssimas brilham. / Elas não se cansam de assistir / à longa procissão dos homens?”
Em “Um Quadro Inacabado”, o narrador se dirige a uma bailarina, imagem que o pintor esboçou, porém deixou a meio caminho. “Que danças
recordas, verde bailarina / Por que te quedas estática e distante?”.
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O próximo texto, “Poética”, é um poema em prosa. “A poesia é a pátria da palavra, que é a pátria do humano”. Mas o que é pátria?
“Pátria é quando somos livres, é onde os passos adquirem um sentido”. Observe-se que o poeta remete a ideia de pátria não exatamente
para um lugar, mas para um cruzamento de tempo e espaço: “quando somos livres” e “onde os passos adquirem um sentido”.
Vem a seguir “Economia”, um metatexto, que descreve um processo malogrado de escrever um poema. A emoção se instala, mas
o intuito inicial não se concretiza. O poeta, então, desvia-se para a leitura de um livro.
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No último poema, “Balancete”, o narrador, num ambiente praieiro (“corpos esguios, bronzeados / quase desnudos à beira-mar”),
faz uma avaliação de seu tempo de vida, recorrendo às “algas da memória”. Termina assistindo à passagem do tempo, um “trem /
carrancudo / indiferente”, que passa “mais depressa, mais depressa, mais depressa”. Um balancete à beira-mar.
Não é a toa que, no prefácio de Sobre Vida, o poeta e professor
Jayro José Xavier afirma que a “genuinidade,
ou autenticidade, ou sinceridade, como queiram, é virtude que não falta à poesia de Henrique Augusto Chaudon. Ela está presente
em seus livros anteriores. E, tanto quanto nesses, mantém-se presente aqui, neste seu Sobre Vida”.
Um abraço, e até a próxima,
Carlos Machado
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