Amigas e amigos,
Médico psiquiatra, poeta e premiado pesquisador em cultura popular, Francisco Assis de Sousa Lima, ou simplesmente Assis Lima, é cearense
(Crato,1949) e reside em São Paulo. Publicou os livros de poesia Breviário (2022); O Código Íntimo das Coisas (2018); Poemas de Riso e Siso (2017); Terras de Aluvião (2016); Marco Misterioso (2015); Chão e Sonho (2011); e Poemas Arcanos (2008).
Nesta edição, apresento poemas extraídos das duas coletâneas mais recentes de Assis Lima, Breviário e O Código Íntimo das Coisas, ambas publicadas pela editora carioca Confraria do Vento.
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O primeiro poema da minisseleta ao lado é “In Extremis”. Nele, conforme o título indica, o poeta trata do momento da morte. Em “Super Star”, o tom de consternação dá lugar à observação chistosa tratando-se da biografia de um personagem famoso.
Em “Foto para o Perfil”, o poeta volta para si mesmo sua máquina de ironia, após lhe ser confiada uma difícil tarefa: fazer uma pose adequada para sair bem numa fotografia para seu perfil. Acompanhe o texto e veja como se sai o poeta — pelo jeito, alguém pouco à vontade no ofício de fazer caras e bocas. Dou apenas notícia de uma primeira tentativa: “Ousei experimentar algumas selfies,/ com o cuidado narcisista/ de não contrair o rosto/ nem fechar o riso”.
No poema seguinte, “Ausência”, a tonalidade lírica volta a ser mais circunspecta. Nesse texto, o narrador visita um lugar onde um dia existia a casa de alguém muito próximo ou, quem sabe, uma casa antiga do próprio narrador. A dúvida vem da primeira palavra: “Partiste, / e o pouco que restou/ dos torrões da tua casa de taipa,/ esfarelo nas mãos”. Partir pode indicar “foste embora” (uma referência à própria pessoa que fala) ou “morreste” (uma pessoa querida).
Nos últimos versos, a memória do eu lírico lhe traz uma visão e ele reage: “Quem vem lá?/ Serás tu ou sou eu?”. Essas interrogações abrem espaço para as duas hipóteses levantadas no parágrafo anterior. E o próprio narrador reforça a confusão, ao afirmar: “Tanto faz”.
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Até aqui, os quatro poemas citados foram todos extraídos do livro O Código Íntimo das Coisas (2018). Os dois poemas a seguir vêm de Breviário, a coletânea mais nova de Assis Lima, publicada em 2022.
Em “Chuva Meteórica”, o autor inicia o discurso lembrando o conhecido pensamento de Heráclito: “Antes/ que o vento agreste/ encrespe o mar,/ marcarei lembranças,/ guardarei paisagens,/ pois nunca se volta/ ao mesmíssimo lugar.” Neste poema cheio de música, celebra-se a vida com a certeza de que, apesar de todos os pesares, “De ouro é o dia/ de prata, o luar”.
Em “Vidas”, o último poema da miniantologia ao lado, o poeta retorna à ironia. “Há consenso entre especialistas/ de que em vidas passadas/ fui frade e padre”. Com base nessa afirmação de “especialistas”, o poeta termina o texto com uma pergunta cheia de ceticismo.
Um abraço, e até a próxima,
Carlos Machado
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O MELHOR DA POESIA DE LÁ
“O melhor da poesia americana (e o pior da brasileira)”. Este é o título de um artigo meu no
blog da Balaio Editorial,
empresa que publicou há um mês meu livro de poemas Cicatrizes. O texto compara
a circulação de poesia nos Estados Unidos e aqui.
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