Amigas e amigos,
Nesta edição, o poesia.net destaca a poesia da professora baiana Ana Cecília de Sousa Bastos. A autora já esteve
aqui no boletim n. 93, de 2004. Desta vez, ela retorna após a
recente publicação de A Impossível Transcrição, obra que sai pela Editora Mondrongo, em
segunda edição revista e ampliada. A publicação original é de 2007.
Criadora de uma poesia marcadamente pessoal e confessional, a poeta se mostra uma profunda perscrutadora das sutilezas da vida e dos próprios
sentimentos. Esses são traços que se observam em suas outras coletâneas e também estão presentes em A Impossível Transcrição. Para esta
edição, selecionei cinco poemas do livro.
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Abre a seleção o poema “Noite em Brasília”. A poeta parece ter escrito este texto inspirada por uma passagem na capital federal. A arquitetura da
cidade e as vastidões do Plano Piloto brasiliense devem ter servido como ponto de partida para uma reflexão existencial. Retirei do texto para título
deste boletim a expressão “Esplanada de mistérios”.
Vem a seguir o poema “Revestir Palavras de Abstrato”. Para a autora, vivemos num “mundo de palavras / (...) / atravessado pelo concreto /
contaminado de vida”. Então ela acredita que a procura da poesia pode ser feita mediante a fuga dessa concretude, rumo a certa volatilidade.
Para isso é preciso vestir as palavras com roupas de abstração.
Em “Antes que me esqueça”, a poeta se põe a fazer uma reflexão sobre a vida pessoal. Aos 65 anos, percebe que detém em seu patrimônio temporal
mais vida passada que futura. Conclui, portanto, que seu lugar é um movimento entre a poesia e o cotidiano.
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No poema seguinte, “Linhas”, a autora faz nova meditação existencial. Reflete sobre sua necessidade de “desfiar palavras e imagens” e
descobre: “há novos olhos em mim”. Talvez ela queira referir-se aos novos ângulos de visão que a experiência nos confere: a sabedoria
trazida pelo tempo.
O último poema da minisseleção ao lado é “Esfinge”. Nele o sujeito lírico discorre sobre como e por que escreve.
“Na estrutura de meus poemas vejo a estrutura de meu modo de estar na vida (...)”. Aparentemente, isso define o jogo e não há mais
dúvidas. Contudo, o texto dá uma reviravolta e a pessoa se define como uma esfinge, a palavra-título. Assim, o que parecia
claramente delineado retorna à indefinição.
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Psicóloga e professora aposentada da Universidade Federal da Bahia e da Universidade Católica de Salvador, Ana Cecília de
Sousa Bastos (Salvador, 1954), esccreve desde adolescência. Em poesia, estreou publicamente com o livro Uma Vaga
Lembrança do Tempo (Prêmio Copene, 1999). Publicou depois, entre outros livros, A Impossível Transcrição
(1ª ed., 2007; 2ª ed. ampliada, 2021) e Escritos Extraídos do Silêncio (2015).
Um abraço, e até a próxima,
Carlos Machado
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19 ANOS
Conforme indica o cabeçalho desta edição, o poesia.net está entrando em seu 20° ano de atividade.
Em 12 de dezembro, o boletim completa 19 anos.
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