Amigas e amigos,
Nesta edição o autor em foco é o poeta Eucanaã Ferraz (Rio de Janeiro, 1961). Ferraz é professor de literatura na UFRJ e também editor de livros e consultor em
debates literários e exposições culturais. Seus livros de poesia são: Desassombro (7Letras, 2002); Rua do Mundo (2004); Cinemateca (2008);
Sentimental (2012); e Escuta (2015) — os quatro últimos publicados pela Companhia das Letras. O autor também escreve livros para crianças.
Os poemas apresentados na miniantologia ao lado foram extraídos de duas das coletâneas de Eucanaã Ferraz — Escuta e Sentimental. Vamos abrir os trabalhos
com dois textos de Escuta.
O primeiro é “Foi-se a Vontade de Ir ao Egito”. Num andamento prosaico e bem característico do conto, Eucanaã conta as peripécias de um personagem que, ouvindo conselhos,
parou de fumar e, com isso também perdeu a poesia, os amigos e a vontade de conhecer a terra dos faraós.
O poema seguinte, “Nessas Horas Num Momento” capta um flash da vida social. Parece ser um texto ou mensagem de voz de alguém que pretende apresentar a alguém enlutado
suas “sinceras condolências um beijo um abraço fraterno”. Trata-se de algo que não se sabe bem se fica ao nível da mera formalidade ou se de fato o sujeito lírico, perturbado,
fala a verdade ao afirmar: “nunca sei o que dizer nessas horas num momento / assim”. O certo é que ele termina secamente: “não poderei ir ao velório”.
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Passemos agora aos poemas de Sentimental. “Chirapa” é um caso de extrema solidão. Em Pampa Hermosa, no Peru, a anciã Natalia Sangana é a última pessoa a falar
o chamicuro, a língua de seu povo. Curiosidade: nesse idioma, chirapa quer dizer “arco-íris”. Em certo sentido, o contrário da solidão de Natalia.
O próximo poema homenageia, desde o título, a poeta portuguesa Sophia de Mello Breyner Andresen
(poesia.net n. 402
e n. 88). O
autor discorre sobre sua emoção ao conhecer a escritora, falecida em 2004.
Vem agora “Vida e Obra”, autodefinido como “um poema sobre poemas e amizade”. Nele, o poeta põe na balança, em equilíbrio, a amizade e o acontecimento da poesia.
O último poema, “Tudo Vai Terminar Bem”, constitui uma criativa oração que clama pela ajuda dos santos católicos embutidos em nomes de casas comerciais,
tais como Mercearia Nossa Senhora das Graças, Padaria São Jorge, Repouso São Bartolomeu, e também nas denominações de
logradouros como Cristo Redentor e Avenida Nossa Senhora de Copacabana.
Um abraço, e até a próxima,
Carlos Machado
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